domingo, 14 de fevereiro de 2010

Carlos Drummond de Andrade

O tempo passa? Não passa. No abismo do coração lá dentro perdura a graça. Do amor, florindo em canção o tempo nos aproxima cada vez mais, nos reduz a um só verso e uma rima. De mãos e olhos, na luz não há tempo consumido, nem tempo a economizar. O tempo é todo vestido de amor e tempo de amar. O meu tempo, e o teu, amada. Transcendem qualquer medida. Além do amor não há nada, amar é o sumo da vida. São mitos de calendário. Tanto o ontem como o agora, e o teu aniversário é um nascer toda hora. E nosso amor, que brotou do tempo, não tem idade, pois só quem ama escutou.

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